segunda-feira, 26 de julho de 2010

Metade

Metade

Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste...

Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.

Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.

E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.

Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.

E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.

Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.

E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.

Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada.

Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...
também. 


Oswaldo Montenegro

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Por que sou assim?


Às vezes tenho vontade de correr, mas não sei pra onde. 
Às vezes, de sentir um abraço forte que me acalente a alma agitada, mas não há mãos fortes que me proteja. 
Às vezes quero apenas a calmaria de um lugar bucólico, mas as paredes de concreto me sufoca;
Tenho vontade de me isolar, chorar, mas sinto-me pior, pequena, impotente;
Tem vezes que quero palavras de afeto,mas têm dias que elas me deixam terrivelmente irritada.
Há dias que quero sair, me divertir, dançar;
Há outros que apenas quero ficar triste, relembrar coisas do passado e apenas chorar.
Quero ser reconhecida profissionalmente, conseguir atingir meus objetivos; 
Mas em outros momentos, quero apenas voltar no tempo em que era adolescente e não tinha muita coisa que me preocupava a não ser aquela 'terrível' espinha no nariz.
Só queria que as coisas se resolvessem por si só, pois assumo que não tenho a menor ideia do que fazer neste momento. 
Me sinto perdida. 

sábado, 10 de julho de 2010

Uma vida que se perdeu no tempo


Um tempo, um sentimento, uma vida que se foi junto com um passado que não passou.
Às vezes direcionamos nosso foco em algo para esquecer o vazio em algum outro setor.
Foquei na carreira e tenho conseguido êxito nisso.
Na maioria das vezes dá certo. Vivo numa correria e quase sempre consigo o que pretendia, ou seja, esquecer, mesmo que momentaneamente.  
No entanto, têm vezes que bate aquela “deprê”. A maioria das mulheres vai entender o que estou falando. Ou seja, quando sentimos necessidade de nos isolar,pensar em algo, comer chocolate, chorar, ver um filme de comédia romântica e no final ficar triste porque diferentemente da ficção a nossa história de amor não teve aquele lindo final feliz.
Hoje li a seguinte frase: "Todos são arquitetos do destino vivendo nestas paredes de tempo".
Será mesmo que somos arquitetos do nosso destino? Não, nem sempre isso nos cabe. Às vezes somos reféns dos acontecimentos. Coisas que parecem fugir ao nosso controle e mesmo que queiramos interferir parece inevitável.
Outras pessoas tentam te confortar com aquela velha historinha do “o que é seu está guardado”, ou ainda “Deus sabe o que faz”, “se não foi, não era pra ser”. Ah, por favor, me poupem.
Uma vez uma pessoa mais vivida que eu me disse que às vezes ficamos procurando respostas à vida inteira e não a obtemos, pois essas respostas poderiam ter sido dadas a nós por alguém que nunca mais veremos, ou ainda que preferiu se calar.
Não sei se algum dia saberei das repostas que procuro, talvez nunca saiba, mas uma coisa fica -  a certeza de que uma ferida foi aberta e sem prazo para se fechar. O responsável? Ah sim, vive bem, feliz, sem remorso, construiu uma família e nem sequer sabe o mal que causou a outra vida, que talvez nunca se refaça do que sofreu.