sábado, 31 de outubro de 2009

Muitas de mim


 

Entre minhas tantas caras
Meu rosto, meu esconderijo
Entre minhas tantas almas
Meu silencio, meu segredo
Entre meus tantos passos
Meu mistério, meu medo.

Sou tudo o que mudei
Tudo que deixei
Tudo que nem sei.
De tanto me ser, não sei mais.
Sei que senti, degustei-me sem fim.
Sei que não sei de mim.

Fui parte do que eu vivi
Mergulhei no que eu senti
Isso que estou parindo com palavras
É meu, mas não sou eu.
Meu retrato tem meu rosto
Escondido nele, meu esboço.
Não sei o que faço, nem onde estou.
Sei que vou.

Vou lendo meus vestígios,
Meus restos, minhas pistas.
Leio o que deixei, mudei.
Fiz de mim o que não sei
O que eu sabia fazer, eu só senti.
Penetrei-me dentro do meu ser
Releio-me e fico por aqui
Não fui eu que me escrevi.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Rifa-se um coração

Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta

domingo, 18 de outubro de 2009

Puro saudosismo

 
 "O vento, a chuva trazem recordações de algo que não volta mais"

Não acredito que hoje minha mente conseguiu a proeza de me trair. Fui a lugares que deixei pra trás, pessoas que não vejo mais, nem sei como/onde estão, pra ser sincera.Não sei se foi a chuva, o clima nostálgico, só sei que me senti assim hoje.
Relembrei fatos, fotos, cheiros, sabores, sensações há muito esquecidas. Saudade? Quem sabe. A vida é feita de momentos e querendo ou não nos lembraremos deles em algum momento de nossas vidas. E hoje foi esse momento. Sei que o passado não volta mais, mas posso ficar com minhas lembranças, pois se são delas que sobrevive coisas, pessoas, histórias, então isso me pertence e ninguém pode me tirar, pois esse me passado me trouxe até aqui: HOJE. 

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Livrando-se da culpa

Hoje ao ver um vídeo do Pe. Fábio de Melo, onde ele falava sobre a culpa que carregamos dentro de nós por algum motivo inconsciente, que nos faz perder a vontade de viver, pude perceber que muitas das nossas angústias, tristezas têm um porquê. Algumas pessoas quando se encontram tristes, desesperançosas acabam minando as relações pessoais, pois fazem questão de deixar claro a todos que a cercam o quanto é triste e está machucada. Trata-se de um processo de autopunição, “eu não mereço ser feliz”.
É preciso saber onde está a culpa por tal atitude, como ela se deu, em que momento aconteceu, pois existem motivos desconhecidos que a fazem agir assim, levando-a a morrer de maneira socializada. Essa pessoa evita determinadas situações onde possa lhe causar algum desconforto de ter que viver de aparências, como encontros com amigos, reuniões em famílias, festas e principalmente relações afetivas.
A pessoa começa a se isolar cada vez mais e faz questão de manter o sentimento de tristeza presente em sua vida, não permitindo que as pessoas se aproximem ou lhe questione por conta desse sofrimento. É na verdade o cultivo do que é ruim, pois a pessoa precisa do sofrimento para poder se punir.
A origem de todas as nossas angústias se encontra nas possibilidades.

domingo, 4 de outubro de 2009

Incógnita



Não sei o que se passa no meu interior. Chamo, grito e nada responde. Essa incerteza do que vai ser, a consequência da decisão tomada...nada se define; não sei o que fazer com isso. E há o que fazer com isso?
Hoje não sei, não acordei muito bem. Tantas incertezas...
Decidi deixar meu destino à cargo da sorte, apenas dela, e não sei se fiz certo, pois ela é traiçoeira, um dia nos dá no outro nos tira.
O lema do momento é 'deixa a vida me levar', mas e pra onde será que ela vai me levar???